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segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Eleições 2018: o voto de papel

Está circulando na internet um abaixo assinado exigindo nova eleição, com voto em cédula de papel, sem nenhuma urna eletrônica. A alegação é "uma grande quantidade de videos com supostas fraudes visíveis em um momento de votação". Tais vídeos circularam pelas redes sociais, causando desconfiança dos eleitores. Mas a desconfiança parece ser mesmo só por parte dos eleitores. Somente um candidato inexpressivo  ajuizou ação no TSE denunciando fraude e fez declarações aos jornalistas reclamando dos demais candidatos que se calaram. Ora, o candidato, que também é militar de baixa patente no Corpo de Bombeiros, deputado federal e pastor evangélico, não conhece o antigo brocardo qui tacet, consentire videtur (1), também conhecido como "quem cala consente".

As eleições deste ano foram acompanhadas por uma missão da Organização dos Estados Americanos (OEA). O pessoal visitou mais de 390 seções eleitorais, acompanhou o processo em 12 estados e no Distrito Federal (2) e jura que não encontrou nenhum indício de irregularidade. Os partidos confiam tanto no sistema que nem se preocuparam em nomear os dois fiscais que têm direito para cada mesa receptora de votos (3), para o dia da eleição, nem em acompanhar os testes que o TSE realiza meses antes do pleito, para corrigir eventuais falhas. Ora, se os partidos políticos que estavam disputando a eleição não contestaram, somente um candidatozinho de meia tigela, então não houve fraude.

Parece que os eleitores se deixaram influenciar por duas das fontes de informações mais despropositadas, inverossímeis e levianas que o capeta inventou para confundir as pessoas incautas: as redes sociais e os discursos dos políticos. É incontestável que antes da internet nunca houve fraude em eleições nem golpistas aplicando golpes em pessoas incautas que acreditam em tudo que político e estelionatário fala. Esse tipo de comportamento somente teve início com o uso comercial da internet, lá pelos idos da década de 1980; antes, não havia golpes nem golpistas nem políticos mentindo para o eleitor.

É como o automóvel. Antes de sua  invenção, não havia mortes nem aleijamentos provocados por acidentes de automóveis. Não havia milhares de famílias enlutadas nem pessoas inválidas por causa de uma batida entre dois veículos automotores. Nem brigas ou homicídios por causa de uma fechadinha de nada. Nem por isso, foi feito um abaixo assinado para proibir a fabricação dessas verdadeiras armas ambulantes.


(1) Frase atribuída ao papa Bonifácio VIII, cujo pontificado durou de 1294 a 1303 DC. ÀLVAREZ, María del Pilar Pérez. El valor jurídico del silencio en la teoría del negocio jurídico. Disponível em <https://repositorio.uam.es/bitstream/handle/10486/664064/RJ_28_15.pdf?sequence=1>




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