terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Em terra de mentirosos, quem fala a verdade é criminoso

Recentemente, o país tem assistido a declarações sobre o que ocorre nos meios políticos desde os anos 1500 mas que raramente é falado ao vivo e a cores em TVs, rádios e na rede mundial de computadores. O advogado de um envolvido na Operação Lavajato disse que não se coloca um paralelepípedo numa rua sem se pagar propina. A TV Globo mostrou um empresário acertando com um delegado de polícia um "alvará" de funcionamento de casas especializadas em máquinas caça- níqueis. O "relator" da operação Lavajato disse, no Congresso Nacional, também conhecido como parlamento, que a espoliação do Estado é endêmica e ocorre, segundo ele, desde o governo Sarney, em todos os níveis de governo. Falou também que, do seu conhecimento, o número de políticos envolvidos está na casa das dezenas.

O estarrecimento manifestado por jornalistas e demais autoridades em frente aos microfones e câmeras tem uma metáfora. A do sujeito cuja esposa faz "caridade" para o vizinho. Como ela não deixa o marido na mão (literalmente) e está sempre à sua disposição, ele releva o comportamento dos dois. O problema é o vizinho contar isso no boteco que ele frequenta. Aí, o marido perde a compostura. Até os ameaça de morte. Mas fica no discurso.

Pois é o que está acontecendo hoje, no Brasil. Todo mundo sabe que as coisas funcionam como foi dito. Mas não poderia ser dito, pelo menos por quem disse e em frente aos microfones e às câmeras.

O mais provável é quem falou a verdade ser severamente punido. Quem está mentindo ser julgado inocente pelos ministros do Supremo Tribunal Federal (todos nomeados por presidentes filiados e eleitos pelo partido atualmente no poder). E as bestas quadradas das eleitoras e eleitores continuarem votando nos mentirosos.

É isso a tal democracia tupiniquim? Se for, está explicado por que o partido da presidenta quer implantar a ditadura. Que diferença fará?

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Futebol, as malas e os malas

O Clube Atlético Mineiro perdeu para o Coritiba Foot Ball Club neste domingo, 30/11, por 2x1, com mais de 65% de posse da bola e 15 finalizações contra 3, do adversário. Há dúvida sobre a posição do Eduardo no primeiro gol do Coxa, Também ficou muita dúvida quanto à irregularidade que levou à anulação do primeiro gol do do Rafael Carioca, para o Atlético.

Antes do início do jogo, a situação das equipes no certame era a seguinte: o Glorioso, campeão da Copa do Brasil, já estava classificado para a Libertadores do próximo ano e não tinha nenhuma chance de ganhar o Campeonato Brasileiro. Em outras palavras, para o Galo, qualquer resultado estaria de bom tamanho. O Coritiba dependia da vitória para não ser rebaixado para a 2.ª Divisão, o que representaria um prejuízo financeiro enorme.

Recentemente, o goleiro do Vasco da Gama declarou que já recebeu incentivo financeiro para não deixar seu time perder. Em outras palavras, recebeu para fazer bem feito o que já é pago para fazer. As duas situações são bastante semelhantes, embora divergentes. De um lado, uma equipe que não tem interesse no resultado, jogando com outra, a quem a derrota traria enormes prejuízos. Do outro, um profissional incentivado a exercer sua função com mais entusiasmo.

A declaração feita pelo arqueiro vascaíno está dando o que falar. O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) está ameaçando punir o atleta. Oferecer ou receber "incentivo" para exercer seu mister da melhor maneira possível é considerado crime. É a conhecida "mala branca". A mala branca tem uma irmã gêmea, a "mala preta". Esta, no entanto, oferece alguma vantagem para alguém fazer mal feito o que deveria fazer bem feito.

Voltando ao Atlético, como já mencionado no primeiro parágrafo, perdeu o jogo por ter sido "prejudicado" pela arbitragem. Mas o maior prejuízo foi o Botafogo, seu adversário na próxima, e última, rodada do campeonato já estar consagrado na 2.ª Divisão no próximo ano. Seria bem mais "desafiador" para o Galo que o Fogão tivesse alguma chance de não ser rebaixado.