quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Eleições 2018: As urnas suspeitas (*)


A menina dos olhos do Tribunal Superior Eleitoral volta a ser questionada. Com mais de 20 anos de idade, as urnas eletrônicas estão novamente na mira de um ou outro candidato, como já está se tornando rotina durante os períodos eleitorais.


Desta vez, um dos motivos pode ser a descoberta de vulnerabilidades, em dezembro passado. Técnicos altamente especializados conseguiram penetrar em alguma área da urna. Isso seria motivo de sobra para desacreditar todo o sistema. Aquele equipamento tem que ser tão "inviolável" quanto as sacolas que guardavam os pelouros, utilizadas em 1532, quando ocorreram as primeiras eleições de que se tem notícia, realizadas na na Vila de São Vicente, antiga Colônia do Brasil do Reino de Portugal, muito posteriormente República Federativa do Brasil (1).


Os inimigos da bichinha não levam em conta que as vulnerabilidades foram descobertas exatamente a pedido do TSE. Em todas as organizações sérias e até em algumas nem tão sérias, todo sistema informatizado é submetido a testes antes de entrar em operação. Os melhores hackers são desafiados a conseguir uma brecha, um buraquinho qualquer. Eles se empenham muito nisso. E quando encontram, devem se sentir orgulhosos de si mesmos. Aí, o problema é corrigido, e o risco de invasão fica muito reduzido. Esse procedimento é realizado nos sistemas bancários, nos dos órgãos de informação, no comércio eletrônico, os quais estão conectados à grande rede mundial de computadores, à mercê de qualquer hacker mal-intencionado. E na urna eletrônica também, que não está conectada, portanto impossível ser violada on line, teria que violar uma a uma das milhares. A oportunidade dada aos hackers de tentar invadir as urnas é estratégia para possibilitar uma revisão do sistema e colocar à prova anos de estudo, dinheiro e tempo.


O problema é que o TSE dá oportunidade a todos os partidos políticos e a diversas instituições importantes, inclusive a Ordem dos Advogados do Brasil, de participar de uma auditoria nas urnas antes de todos os pleitos. Nenhum deles se dispõe a participar da auditoria. Portanto, é no mínimo leviano, para não dizer molecagem, o questionamento que partidos e candidatos fazem antes do pleito. É desculpa para justificar eventual fracasso. Não adianta responsabilizar o sistema por uma falta de informação que lhes foi oferecida. O sistema tende a ser menos falho que uma campanha política mal sucedida.


(*) Com a valiosa contribuição de Henrique Barros Cabral.


(1) BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. Eleições no Brasil: uma história de 500 anos / Ane Ferrari Ramos Cajado, Thiago Dornelles, Amanda Camylla Pereira. – Brasília : Tribunal Superior Eleitoral, 2014.

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