sábado, 3 de maio de 2014

Daniel Alves e o banana

A brilhante atitude do jogador juazeirense do norte, atualmente no Futbol Club Barcelona, Daniel Alves da Silva merece algumas reflexões.

Primeiramente, é necessário dizer que o atleta apenas repetiu o comportamento de milhares de imigrantes estrangeiros que vieram para o Brasil nas mesmas condições que o atleta. Mas a imagem que os brasileiros fazemos dos estrangeiros radicados aqui é completamente equivocada. Provenientes da Itália, Japão, Líbano, Síria, Alemanha e muitos outros países, a maioria das famílias chegou no nosso país em busca de melhores condições de vida e foram vítimas das mais diversas formas de discriminação e racismo.  Vieram, a maioria, pobres, e em vez de promoverem atos públicos, trabalharam muito e combateram a discriminação com mais trabalho ainda, até se tornarem "ricos".

Segundamente, quem conhece futebol sabe que a realidade é muito pior. Os jogadores e as torcidas locais tratam "muito bem" as equipes visitantes e os árbitros antes das partidas. É a pressão para desestabilizar o adversário e que leva à máxima de que jogar em casa é vantagem. Os ingênuos acham que é por conhecer cada centímetro do campo. O objeto oferecido ao Daniel, os epítetos a que o Tinga foi carinhosamente recepcionado, isso são o mínimo que acontece. Em qualquer campo: do mais luxuoso ao mais modesto cercadinho na periferia das mais pequenas vilas. É estranho o juiz não colocar na súmula que sua progenitora tivera sua honra colocada em dúvida por toda a torcida de determinado time. Nunca li uma notícia condenando os torcedores que o chamaram, ou a algum jogador da equipe adversária, de "viado". Nunca conheci nenhum processo pleiteando indenização por danos morais pelas ofensas que as torcidas dirigem aos árbitros, dirigentes e jogadores em campo. Qual a diferença entre chamar a honrada mãe de um profissional de puta ou o próprio profissional de alguma outra coisa?

Terceiramente, aconteceu no Paraíso. Os brasileiros sofremos de um complexo de inferioridade que nos leva a acreditar veementemente que o Brasil é o ânus (1) do mundo e os países do hemisfério norte são a porta do Paraíso. Entretanto, tudo que acontece aqui tem o correspondente por lá. A menor proporção se deve à consciência cidadã daqueles povos milenares. Nossa falta de amor próprio nos faz ter atitudes de terceiro mundo e nos comparar com o primeiro.

A propósito, até os vinte minutos do segundo tempo, o Barça, time visitante, perdia por 2 x 0. Após um cruzamento do Daniel Alves, outro brasileiro, o Gabriel Paulista fez gol contra. Aos 33 min, novo cruzamento do baiano, convertido em belíssimo gol contra, de cabeça, do argentino Musacchio (duvido que ambos fizeram gol contra em solidariedade ao jogador do time adversário). Finalmente, um gol de Messi, aos 38 min, e o time da vítima que não aceitou a provocação sagrou-se vencedor.

Moral da história: quem se faz de vítima se torna vítima de si mesmo.



(1) juro que minha revisora está afim de me sacanear. Novamente ela trocou a expressão, muito mais expressiva, que coloquei.

Com informações de:

Site oficial do Daniel Alves. Disponível em <http://www.danialves.com/> e <http://www.danialves.com/media/k2/attachments/20140428b.pdf>. Acesso em 03 mai. 2014.

ESPN. Disponível em <http://espn.uol.com.br/noticia/406579_com-dois-gols-contra-barcelona-arranca-virada-improvavel-em-homenagem-a-tito-vilanova>. Acesso em 03 mai. 2014.

Esporte IG. Disponível em <http://esporte.ig.com.br/futebol/daniel+alves/l1237865763670.html>. Acesso em 03 mai. 2014.

Site oficial do Barcelona. Disponível em <http://www.fcbarcelona.com/>. Acesso em 03 mai. 2014.

. Disponível em <>. Acesso em 03 mai. 2014.

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