Recente pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), publicada com erro em 27 de março, reabriu o debate sobre o direito das mulheres saírem às ruas em trajes sumários, na opinião de uns, expondo as partes do corpo que desejam oferecer à clientela, na opinião de outros, e se os homens devem sair correndo para um local discreto para "homenageá-las" ou ceder ao seu instinto e satisfazê-las, mesmo que elas finjam não querer e se façam de difíceis, no entendimento de outros ainda. Há também aquelas que acham os homens tarados por se sentirem atraídos por mulheres em trajes sumários e outras cuja opinião é de que é muito bem feito as "sem vergonhas" serem molestadas por andarem se oferecendo.
É claro que não é exatamente isso que dizem os meios de comunicação nem reflete o meu pensamento. Mas é o que se ouve nas esquinas, nos botecos, nos locais de trabalho, dentro dos ônibus lotados e em todos os lugares onde há mais de uma pessoa e uma dessas pessoas se digne a dirigir a palavra à outra.
O Congresso Nacional também entrou no debate e as parlamentares da bancada feminina (já reparou que o Brasil é o único país não parlamentarista onde há parlamentares?) se apressaram em pôr lenha na fogueira, apresentando os projetos mais absurdos, que atacam as consequências, nunca a causa do problema, mas geram muita visibilidade a quem os propõe.
Como não sou parlamentar nem congressista nem jornalista, posso dizer o que me vem à telha.
O debate, como sempre, está seguindo por linhas transversas e não trará benefício a ninguém, a não ser às espertinhas e espertinhos de plantão, sempre ávidos por aparecer com discursos vazios. A realidade não se mostra tão alarmante como querem os desavisados.
A verdade está em não acreditar que a lei seja igual para todos ou que seja para todos ou que todos sejam iguais perante a lei. De maneira arquibancada (já que a FIFA acabou com a geral), a lei não existe para todos, mas para os e as que não têm noção de civilidade. As mulheres precisam entender que o art. 213 do Código Penal brasileiro, também conhecido por Decreto-Lei n.º 2.848, de 7 de dezembro de 1940, não foi criado para todos os homens, somente para meia dúzia de tarados que andam soltos, à espera da oportunidade de constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso.
Faça as contas: a população brasileira em 2012 era de 195,2 milhões de habitantes e formada por 51,5% de mulheres (conforme dados do IBGE). Equivale dizer que havia 94.672.000 homens. Os estupros registrados naquele ano foram 50.617. Ainda que cada caso tivesse sido protagonizado por um homem diferente, o que não é verdade, mas para compensar as ocorrências não registradas, teremos apenas 0,06% (seis centésimos por cento) dos homens tarados. Considere-se também que, em 2009, esse crime deixou de ser praticado somente contra mulheres, de modo que somente parte das mais de 50 mil vítimas eram mulheres. Ou seja, se minha conta não estiver errada, a probabilidade de uma mulher ser atacada por um tarado é muito inferior a 0,026%. Portanto, excluídas as exceções, os homens somos gente boa e não monstros.
Entretanto, os tarados não usam uniforme, nem crachá ou outra forma de identificação. Então, senhoras e senhoritas, não percam o sono, em vez de se alarmarem, informem-se. Digitando "evitar estupro" no Google, hoje, você encontrará aproximadamente 1.190.000 links com dicas importantes para se precaver contra essa ameaça.
E lembrem-se sempre, sejam prudentes!
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