terça-feira, 15 de abril de 2014

Queda da popularidade de Dilma é fruto de erro

Inspirado na postagem de ontem neste Blog, o Prof. Marcelo Paiva, do Instituto Educere (1), ministrou aula que demonstra a expiação pública a que a Presidente da República foi submetida injustamente por pessoas mal intencionadas, cujo objetivo era abalar a popularidade da maior musa brasileira.

Sua Santidade (1) discorre amplamente sobre o assunto, deixando claro que a besta quadrada a quem a lei determina que tratemos por Sua Excelência, embora pudesse ter despendido seu tempo em analisar melhor a documentação da compra da malsinada refinaria de petróleo de Pasadena, não sancionou uma lei esdrúxula, como querem os incendiários.

O art. 1º da Lei 12.605, de 3 de abril de 2012, determina expressamente que "as instituições de ensino públicas e privadas expedirão diplomas e certificados com a flexão de gênero correspondente ao sexo da pessoa diplomada, ao designar a profissão e o grau obtido". O art. 2, que "as pessoas já diplomadas poderão requerer das instituições referidas no art. 1º a reemissão gratuita dos diplomas, com a devida correção, segundo regulamento do respectivo sistema de ensino" e o 3º, que "esta Lei entra em vigor na data de sua publicação". São só esses três artigos.

Portanto, somente obriga as instituições de ensino públicas e privadas a flexionarem o gênero ao expedir diplomas, como já é uso corrente fora dos diplomas. Trata-se de uma justiça que se faz às pessoas diplomadas em profissões cuja denominação é flexionável, em consonância com a Norma Gramatical Brasileira, tais como as médicas, psicólogas, enfermeiras. Aquela lei, tão ridicularizada, não autoriza ninguém a escrever errado. A lei não obrigou a flexão de gênero no diploma dos pediatras nem dos obstetras. Tampouco atribuiu àquelas instituições de ensino competência legal para expedir diploma para presidente de coisa (3) nenhuma, muito menos Presidente da República. Como se vê, chamar a Presidente da República de Presidenta está errado, está em desacordo com a lei e só demonstra que os brasileiros somos tão bestas quadradas quanto a Dita Cuja (em maiúsculas, por se tratar do cargo máximo da nação, depois dos cargos de professor e professora), dando crédito a conversa fiada de qualquer um que fale alto no balcão do boteco, sem confirmar suas afirmações.

Entretanto, oposicionistas divulgaram uma redação que não consta na Lei, no intuito de abalar os 79% de popularidade de Sua Excelência em 2012 (4). E conseguiram! Em março de 2014, a aprovação ao governo já está em 36% (5) e, se esse erro não for corrigido, em 3 de outubro a ingênua Dilma estará com  saldo negativo nos institutos de pesquisa.

Logo abaixo dos créditos está a aula na íntegra, para quem quiser ilustrar-se, embora não haja ilustração, só texto.

(1) A aula a que me refiro foi transmitida aos alunos por e-mail, mas o Instituto Educere está situado no site institutoeducere.com.br.

(2) Convivendo há muitos anos com educadores e ouvindo-lhes as queixas, determinei para mim mesmo que o pronome de tratamento mais adequado para professores é "Santidade". Menos que isso é desprezar a mais nobre profissão humana.

(3) No original, a expressão foi outra, mas a revisora substituiu por essa, mais educadinha.

(4) Último Segundo. Disponível em;: http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2013-03-19/popularidade-de-dilma-bate-novo-recorde-e-sobe-para-79-diz-ibope.html. Acesso em 15 abr. 

(5) Folha/Uol. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/03/1431667-avaliacao-do-governo-dilma-cai-de-43-para-36-aponta-pesquisa.shtml. Acesso em 15 abr.

"A eleição de Dilma Rousseff trouxe a dúvida: presidente ou presidenta?

No português existem os particípios ativos como derivativos verbais. Por exemplo: o particípio ativo do verbo atacar é atacante, de pedir é pedinte, o de cantar é cantante, o de existir é existente, o de
mendicar é mendicante.

Qual é o particípio ativo do verbo ser? O particípio ativo do verbo ser é ente.Aquele que é: o ente. Aquele que tem entidade.

Assim, quando queremos designar alguém com capacidade para exercer a ação que expressa um verbo, há que se adicionar à raiz verbal os sufixos ante, ente ou inte. Portanto, à pessoa que preside é
PRESIDENTE, e não "presidenta", independentemente do sexo que tenha.

Se diz capela ardente, e não capela "ardenta"; se diz a estudante, e não "estudanta"; se diz a adolescente, e não "adolescenta"; se diz a paciente, e não "pacienta".

Em 1956, o senador Mozart Lago conseguiu aprovar a Lei Federal 2.749 com designação na forma feminina para designar cargos ocupados por mulheres. Assim, se o feminino do cargo existir em nosso idioma, ele deve ser empregado para indicar mulher no exercício da função. Temos então “oficial” e “oficiala”, “juiz” e “juíza”, “médico” e “médica” e tantos outros. Certamente, há
cargos sem o feminino: cabo, chefe etc. O problema com o termo “presidente” ou “presidente” é a falta de consenso entre gramáticos sobre se existe ou não o termo “presidenta”.

A equipe do Lexikon, que atualiza o dicionário Aulete, avalia que os substantivos e adjetivos de dois gêneros terminados em –ente não apresentam flexão de gênero terminado em –a. Por isso, não dizemos “gerenta”, “pacienta” ou “clienta”. Por coerência, não existe também “presidenta”.

Diversos linguistas, no entanto, interpretam de forma diferente e aceitam o termo “presidenta” por já estar presente em nosso idioma desde o dicionário de Cândido de Figueiredo (1899). O dicionário Houaiss também já incluiu o termo. Para complementar, o próprio Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP) já aceita o termo como oficial.

O termo, embora contra a vontade de alguns gramáticos, já faz parte de nosso idioma e pode ser empregado. Você deve saber que se pode empregar “presidente” para os dois gêneros. Caso queira, use também “presidenta”. É questão de escolha. Dilma pediu para ser chamada de “presidenta”. No entanto, quase toda a imprensa escreve “presidente”.

Um abraço e boa semana!

Marcelo Paiva  "

2 comentários:

  1. (2) Convivendo há muitos anos com educadores e ouvindo-lhes as queixas, determinei para mim mesmo que o pronome de tratamento mais adequado para professores é "Santidade". Menos que isso é desprezar a mais nobre profissão humana.

    Pois é, mulheres com véu, homens descobertos! Sua Santidade Vasconcelos Costa, se não me falha a memória, mandou-lhe descobrir para assistir a aula dele; e você, rebelde com sempre, se negou fazê-lo e deixou a sala de aula coberto com o seu inseparável boné. Lembra-se? rs.

    ResponderExcluir
  2. Não foi o Vasconcelos Costa, foi o Silveira Neto. Por isso vocês passaram a me chamar de Silveirinha.
    Naquela época eu ainda era muito jovem, tinha direito à rebeldia. Como está explicado no post de hoje, 6 de maio, evoluí. Hoje eu me "descubro" para entrar em qualquer local fechado.

    Mas valeu a lembrança, Síndico.
    Grande abraço.

    ResponderExcluir