sexta-feira, 27 de junho de 2014

Diário de Viagem: Buenos Aires última parte

Hoje chega ao fim nossa série de posts sobre a Copa do Mundo vista da Argentina, ou mais propriamente, de Buenos Aires. Nos últimos 10 dias, convivemos com los hermanos, assistimos a duas partidas do selecionado portenho e uma da seleção brasileira naquele país. A experiência foi maravilhosa. Ficamos sabendo que nossos vizinhos são muito menos apaixonados por futebol do que nós. Um dia de jogo da seleção deles não para o país, como aqui. Ao que nos pareceu, os apaixonados mesmo são os membros das torcidas organizadas. Mas eles estavam no Brasil.

A descrença é mais ou menos generalizada. Torcem pelo seu time. Mas a maioria não aposta nele. Acham que a final ficará entre Alemanha, Holanda e o Brasil. E incluem o Brasil apenas por ser o anfitrião, não por acreditarem no futebol apresentado pela Canarinho até agora. A propósito, é importante observar que quem está jogando em casa é o Brasil, não a Seleção Brasileira. Façam as contas: dos 23 convocados, apenas 4 atuam em clubes brasileiros. Dois conhecem como ninguém o Estádio Independência, onde não será disputada nenhuma partida da Copa. Dois estão acostumados ao Maracanã de antes da reforma. Portanto, os jogadores da Seleção Brasileira estão jogando em campo neutro, e o favoritismo só pode ser explicado pela maior torcida.

Constatamos que eles nos amam como nós os amamos e que a rivalidade no esporte é recíproca mesmo, de verdade. Estão loucos para assistir a um Brasil x Argentina nesta Copa, na esperança de ganharem, claro. Mas torcem contra nossa seleção até em treino recreativo.

Também pudemos informar que os preços não estão atrativos. Se você quer conhecer Buenos Aires, tudo bem. Se pretende fazer compras, é melhor procurar outro destino. Mesmo com a moeda deles valendo cerca de 30% do Real, os preços dispararam tanto, que os de lá estão muito semelhantes aos daqui. Teve quem afirmasse que nos Estados Unidos os preços estão muito inferiores aos da Argentina.

Constatamos ainda que eles são tão bobinhos que nem se interessam em "arranhar" um portuguezinho, mesmo que xué, para nos compreender melhor e nos estimular a ir lá, gastar nossos preciosos Reais.

Não falamos sobre o assunto, mas lá, como aqui, o estresse é o mesmo. Muitos estranhos nos pararam na rua para alertar sobre os assaltos. Para que resguardássemos melhor nossos pertences. Que os motoristas de táxi são mestres em passar notas falsas. Para tomar cuidado com os cambistas (o que mais se ouve, andando  nas ruas do centro, especialmente a famosa Florida, é: câmbio, câmbio, troco dólares, reales) pois oferecem uma taxa atraente para trocar dinheiro de verdade por falsificações. Para não acreditar nos pacotes turísticos oferecidos a todo momento e ser muito cautelosos em relação às pessoas muito simpáticas.

Mas a constatação mais importante é a de eles são terceiro mundo, como nós. Quem pensa que ir à Argentina é ir para o exterior, está equivocado, nem passaporte e visto precisa. É um Brasil diferente, com idioma diferente mas muito pior, porque eles têm o nariz mais empinado do que deveriam, quer ver:
  • eles acham que têm o melhor futebol do mundo, embora a FIFA discorde, para ela, em Copas do Mundo, o Brasil é o 1.º e los Hermanos o quarto. Embora no ranking geral o Brasil esteja em 3.º, a Argentina está em 5.º;
  • no ranking, também da FIFA, das melhores equipes do ano entre 1993 e 2012, o Brasil figura como Top Team 11 vezes (de 1994 a 1999 e de 2002 a 2006) e a Argentina somente em 2007. No de pais que mais pontos fez durante o ano, somente o Brasil aparece, ao lado da Algéria, em 2009;
  • no Futsal, foram 10 campeonatos mundiais, de 1982 a 2012. O Brasil chegou à final em 9 deles e ganhou quase todos, 7. Espanha faturou 2 e Paraguai 1. Los hermanos nem a vice chegaram;
  • nos números da Fédération Internationale de Volleyball, FIVB, as brasileiras estão em 1.º e as argentinas em 18º; no masculino, estamos em 1.º e eles compartilham o 7.º com Cuba. Nos juniores da mesma forma: masculino em 2.º e 5.º e feminino 2.º e 19.º;
  • na Fórmula 1 eles tiveram um campeão mundial, Juan Manuel Fangio: nós tivemos três: Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet e Ayrton Senna.

Com informações de:

FIFA. Disponível em <http://www.fifa.com>. Acesso em 27 jun. 2014.

FIVB. Disponível em <www.fivb.org>. Acesso em 27 jun. 2014.

Veja. Disponível em <http://veja.abril.com.br/cronologia/f1/>. Acesso em 27 jun. 2014.

Rank Brasil Recordes Brasileiros. Disponível em <http://www.rankbrasil.com.br/Recordes/Materias/06tO/Maior_Numero_De_Titulos_Em_Copas_Do_Mundo_De_Futsal>. Acesso em 27 jun. 2014.

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